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Mindfullness não é meditação

A gente não quer só comida,

A gente quer comida, diversão e arte.

Trecho da música: Comida - Titãs


Começo desse mesmo jeitinho para falar sobre mindfullness.


Mindfullness não é só meditação (e não estou dizendo que meditação é “pouco”. Não é.

É útil e tem seus efeitos benéficos cientificamente comprovados).

Mindfullness é também meditação.

Mindfullness é também atenção plena.

Mindfullness é também presente, o aqui e o agora.

Mindfullness é também agir com curiosidade sobre as suas emoções.


Me permito aqui não ser criativa e trazer:

A gente não quer só a meditação.

A gente quer a atenção plena, atenção ao presente, aqui e ao agora e agir com curiosidade sobre as suas emoções. Se você tiver esses três aqui, talvez você não precise se apegar à meditação como algo que ‘todo mundo diz que é bom, mas que para você não funciona’.


O “é também” está aqui porque significa que uma dessas coisas por si só pode ter o caráter que completa o que é mindfullness. Mas também pode ser completo se for outra coisa.


Se você mistura atenção plena ao corpo com a respiração, é atenção plena com meditação. Ou seja, mindfullness.


Se você mistura atenção plena ao presente enquanto toma banho percebendo a água caindo na pele, sentindo a textura e a essência do sabonete em barra, escutando a água ir para o ralo caindo pelo cano, enquanto também sente a luz do sol entrando pela janela do box de seu banheiro, ouvindo os passarinhos cantarem numa manhã fresquinha, o que você acha que isso é? Sim, isso também é mindfullness.


Se você está se percebendo incomodada(o) com alguma coisa que está sentindo e decide agir, se perguntando o “porque” de estar sentindo isso naquela hora? Adivinhe, isso não é mindfullness. Isso é julgamento. Agora, se você decide refletir e agir para procurar o “porque está sentindo”, com curiosidade para tentar entender o que se passa; isso sim, também é mindfullness. E, assim como meditação, andar de bicicleta, ou qualquer outra coisa que estejamos aprendendo, vai parecer difícil, no entanto e na realidade, o que precisamos é de treinamento dessa habilidade.


Você sabe dizer o que está acontecendo agora com a sua mente e suas emoções? Consegue observá-las com certo distanciamento para poder entender melhor? Teve um cliente que disse que “ficar se observando” faz perder a razão de ser das coisas. E eu concordo.

Ficar se observando 99% do tempo pode fazer com que você se desconecte de si, das coisas ao seu redor e daquele “rush” que pode ser até motivacional para lidar com os pequenos viveres do dia.


Se desconectar demais pode influenciar em até questionarmos todos os nossos quereres, vontades, desejos e vejo perigo nisso. Quem sou eu então se os meus quereres deixam de fazer sentido? Se eu me observo com pressa para chegar em algum lugar que, com distanciamento no olhar, não faz mais sentido.

Ao mesmo tempo, ter essa capacidade como recurso e ferramenta em momentos estratégicos (e sair que momentos estratégicos são esses) pode ser extremamente útil. Sim, foi essa a palavra mesmo que eu disse. Não tem nada de “abraçar árvore” no mindfullness. Tem estratégia e habilidades emocionais envolvidas para que você haja com seus valores ao invés de reagir com a emoção. Mas, para conseguir usar essa habilidade em momentos estratégicos, você precisa saber usar em momentos variados. E isso requer treino. Para saber jogar futebol e entrar jogando, você precisa treinar fora de jogos, pegar um movimento específico e um recorte para treinar, treinar, treinar. Pegar outro movimento ou outra jogada; treinar, treinar, treinar... E aí, no jogo, se tiver a oportunidade, você usa. O seu movimento será mais leve e mais fácil.


A maior parte do tempo do dia nós estamos pensando no passado ou no futuro. Então, estamos no presente pensando e relembrando o passado ou planejando e ensaiando o futuro. E eu não estou falando daquele pensar no passado ou futuro que são bons para nós. Estou falando aqui daquele momento que você se diz “Quanto tempo perdido meu, estou pensando em algo que não dá para mudar ou pensando num futuro catastrófico.” Isso não é produtivo; e se não treinar, será compulsório.


Quando você está indo para casa enquanto está dirigindo, mas chega em casa e não se lembra do caminho. É exatamente isso do que estamos falando aqui. Ou você estava no passado, ou você estava no futuro. E isso significa que você não estava olhando para a estrada em que dirigia. Isso te parece comum? Não fique achando que isso não acontece comigo, porque acontece. Acontece com todos nós.


Fazer algumas das atividades corriqueiras com esse tipo de mindfullness (atenção plena ao seu presente emocional) será diferencial para determinar e descobrir quem você é, para além dos rótulos que você criou para você e para além dos rótulos que colocaram em você e você, sem saber quem é, aceitou. Já imaginou a beleza, a serenidade e alegria plena de retirar esses rótulos de si? Já imaginou a paz interior de aceitar somente o que você quer ser e gosta de ser, ou aceita ser?


Já imaginou estar na constância de observar o que acontece com você por dentro de sua pele e por fora (mas sem pirar e sem perder a motivação das coisas; sim, na medida certa)? Você experiencia situações, pensamentos e sensações, sentimentos e emoções, como um você que está observando você, com cuidado, não com julgamento, de forma que você esteja consciente do que faz.


Mindfullness é a habilidade aprendida de “comparecer para si” aqui e agora. Quanto mais você tem essa habilidade, mais “tempo” você terá para as coisas que (realmente) importam para você. Não, isso não significa que eu tenha a minha vida toda resolvida. Mas o barulho, a confusão e o caos interno estão melhores, meus pequenos viveres então mais centrados, silenciosos para lidar com o que verdadeiramente me faz quem sou.

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